Apesar de todo o esforço que a FNE desenvolveu no sentido de garantir compromissos mínimos que pudessem evitar a greve, a insuficiente resposta do Ministério da Educação não poderia ter outra consequência que não fosse a concretização da greve dos docentes portugueses que hoje decorre.
Num primeiro balanço do levantamento que tem estado a realizar sobre os níveis de adesão a esta greve, a FNE sublinha que os professores portugueses estão a dar um forte sinal da sua insatisfação por verificarem que, mais uma vez, não estão a ser concretizadas as suas expetativas de alteração das condições de trabalho, do desenvolvimento da carreira e dos elevados índices de precariedade.
Neste momento, podemos contabilizar centenas as escolas que estão encerradas, por todo o País e centenas de reuniões previstas para hoje e que não estão a ser realizadas.
E mesmo os docentes que estão a garantir os serviços mínimos decretados, embora não deixando de cumprir as obrigações que lhes estão atribuídas, não deixam de manifestar a sua insatisfação pela ausência de medidas concretas que possam modificar os problemas que têm sido identificados do ponto de vista do seu estatuto profissional.
A manutenção da decisão de concretizar esta greve ocorre, porque este é um momento particularmente importante, uma vez que é agora que estão a ser lançadas as bases de preparação do próximo ano letivo e do Orçamento de Estado para 2018. Esta é a oportunidade em que podem ser tomadas as boas decisões que vão no sentido do reconhecimento e da valorização dos docentes portugueses. Ora, o que o que se regista é que são mínimas as alterações que se vão verificar e, sobretudo, são inúmeras as injustiças que permanecem sem solução.
A FNE tudo tentou para que se pudessem criar expetativas de que, num futuro próximo, os professores sentissem alterações significativas nas condições em que desenvolvem as suas atividades docentes.
Infelizmente, o Ministério da Educação revelou-se incapaz de responder de uma forma clara e minimamente suficiente a questões essenciais como:
- A clarificação das funções inerentes à componente letiva e aquelas que pertencem à componente não letiva;
- A determinação de soluções de reajustamento funcional que enquadrem todos os docentes a partir de determinada idade;
- A afirmação de que o descongelamento das carreiras ocorrerá a partir de 1 de janeiro de 2018;
- O enquadramento do reposicionamento dos docentes entretanto vinculados e com muitos anos de serviço e cujo índice remuneratório é inferior ao índice dos docentes contratados;
- A contabilização, ainda que de forma faseada, do tempo de serviço congelado há uma década, para efeitos de reposicionamento na carreira;
- O reconhecimento do especial desgaste da profissão docente e a busca de soluções de aposentação especial que permitam a saída voluntária dos educadores e professores que reúnam o tempo de serviço previsto para a aposentação, sem penalização.
A greve é o sinal que os professores deixam ao Ministério da Educação de que não abdicam do reconhecimento que a sua profissão deve merecer e de condições adequadas para desenvolverem a sua atividade profissional com qualidade.
O Secretariado Nacional da FNE reunirá no próximo dia 27 de junho, em Lisboa, para apreciar o processo negocial que ocorreu até ontem com o Ministério da Educação, bem como os níveis de adesão a esta greve.
Lisboa, 21 de junho de 2017