Foram cerca de 80 mil os professores e educadores, vindos de todo o país, que estiveram presentes esta tarde na manifestação que encheu a Avenida da Liberdade, em Lisboa, naquele que foi um claro sinal ao Governo da insatisfação e da luta dos docentes portugueses.
Neste protesto, que contou com a presença do Secretário-Geral da UGT, Carlos Silva, juntamente com outros dirigentes da Central Sindical e que desfilou em toda a manifestação, em solidariedade com todos os educadores e professores portugueses, os docentes multiplicaram a mensagem de que exigem o cumprimento da lei e que os 9 anos, 4 meses e 2 dias de serviço congelados sejam contabilizados na totalidade, além de outras matérias como a situação da aposentação dos docentes, a determinação clara do que é a componente letiva e não letiva, dos horários e da precariedade no setor.
A FNE, através do discurso do seu Secretário-Geral (SG), João Dias da Silva, realizado num Terreiro do Paço cheio, começou por sublinhar que "estamos hoje aqui, porque não abdicamos, estamos aqui porque temos razão, estamos aqui hoje porque não desistimos", acrescentando ainda "estamos hoje e aqui, sim, porque somos intransigentes, mas somos intransigentes na exigência das condições que garantam uma Educação pública de qualidade em Portugal".
Os professores saíram à rua para denunciar a falta de justiça e de respeito, com João Dias da Silva a lembrar que "é preciso que se saiba que este mesmo governo que não nos valoriza cede mais depressa aos alarmes dos banqueiros do que ao reconhecimento dos profissionais que deve respeitar".
Foi ainda reforçado pelo SG da FNE que "não admitimos que os docentes portugueses sejam desprezados. Sim, somos intransigentes, porque não admitimos que este governo se desamarre da responsabilidade que assumiu de iniciar nesta Legislatura a reposição do tempo de serviço congelado aos docentes portugueses. Sim, somos intransigentes, porque, pela nossa parte, e ao longo de todo o tempo destinado à negociação, tomamos iniciativas sucessivas que permitiam responder com sustentabilidade ao compromisso de reconhecer a todos os docentes portugueses o tempo de serviço que esteve congelado, sem que o governo tivesse dado um passo para cumprir o que a Lei lhe impunha que realizasse".
A fechar o discurso, João Dias da Silva deixou o aviso ao Governo: "Não perdoamos mentiras, não perdoamos hipocrisias, não perdoamos desconsiderações. Os educadores e professores portugueses têm de ser respeitados e prestigiados. Nós cumprimos com empenho e dedicação o que são os nossos deveres. Que os outros não deixem de cumprir as suas responsabilidades. Aqui fica o sinal claro de que os educadores e professores portugueses não deixam ser desrespeitados e que estão disponíveis para as lutas que forem necessárias para garantir que lhes seja reconhecido o que é de direito e de justiça. E, quanto a isto, não desistimos!".
Nesta manifestação foi ainda estreada a
nova música da FNE, com o tema “942 – Só queremos o que é nosso” onde se dá voz à insatisfação e sentimento de injustiça de quem luta pelo que é seu por direito.
Foi ainda aprovada pelos sindicatos, por unanimidade, uma
resolução que deixa mais um alerta a Governo: a possibilidade de, entre outras ações, convocar greve às avaliações a partir de 6 de junho, dependendo a sua confirmação do que resultar da apreciação parlamentar do decreto-lei do governo; Avançar para os tribunais, combatendo, também por essa via, as ultrapassagens de professores com maior antiguidade; Convocar para 5 de outubro, Dia Mundial do Professor, uma Manifestação Nacional de Professores e Educadores.