Um breve apanhado daquilo que foram as primeiras posições públicas de alguns partidos políticos (CDS-PP, BE, PSD):
Cristas diz que Costa “queimou credibilidade” do Governo na saúde e na educação
A presidente do CDS-PP defendeu hoje que o primeiro-ministro "queimou a credibilidade" do Governo nas áreas da saúde e da educação e desafiou-o a encontrar um mediador alternativo ao ministro Tiago Brandão Rodrigues no diálogo com os professores.
"O senhor queimou a credibilidade do seu Governo em duas áreas essenciais: a saúde e a educação", afirmou Assunção Cristas no debate quinzenal com o primeiro-ministro, no parlamento.
Na educação, a líder centrista argumentou que o "Governo falhou com alunos, pais e professores".
"O ministro que afirmou no Orçamento do Estado, e cito, que ia defender radicalmente os professores, é o mesmo ministro que agora não foi capaz de dialogar e encontrar uma
solução, é o mesmo que fechou a porta a qualquer diálogo, pondo em risco os exames nacionais de acesso ao ensino superior. O que vai fazer agora? Vai abandonar os professores e deixar os alunos em risco ou vai passar por cima do ministro e encontrar outro negociador?", questionou.
Lisboa, 05 jun (Lusa)
BE acusa Governo de chantagem e prepotência na negociação com os sindicatos de professores
A coordenadora do BE, Catarina Martins, acusou hoje o Governo de "chantagem inédita e prepotência" na negociação com os sindicatos dos professores, críticas recusadas pelo primeiro-ministro, António Costa, que justificou não haver contrapropostas para se avançar.
A falta de acordo entre o Ministério da Educação e os sindicatos dos professores devido à contagem do tempo de carreiras dos docentes também foi trazida ao debate quinzenal pela líder bloquista, que falou de surpresa "pela chantagem inédita do Ministro da Educação", Tiago Brandão Rodrigues, ao dizer que ou "os sindicatos aceitam a proposta do Governo ou os professores não recuperarão qualquer tempo de serviço congelado".
"É muito grave e é bom que o senhor primeiro-ministro aqui ponha novamente em funcionamento o Governo regularmente com o parlamento e com os parceiros", desafiou Catarina Martins, considerando que "onde o Governo fala de negociação, neste momento o país só vê prepotência".
Na resposta, António Costa garantiu não haver "nem prepotência nem chantagem" nesta questão dos professores, explicando que o impacto da proposta apresentada pelos sindicatos é de "600 milhões de euros", o que "não é comportável".
O primeiro-ministro explicou que "o Governo apresentou uma proposta em março que previa a contagem em dois anos, nove meses e 18 dias", o que significava mais 170 milhões de
euros só em 2019, mas que a resposta dos sindicatos "foi sempre a mesma", ou seja, a exigência da contagem do tempo total, "numa posição intransigente".
"Nós não podemos fazer nada nem há contraproposta para avançarmos. É esta tão simplesmente a situação em que nos encontramos", sintetizou, considerando que o ónus de apresentar propostas não é só de uma das partes.
Lisboa, 05 jun (Lusa)
Rio acusa Costa de ter prometido aos professores o que não lhes podia dar
O líder do PSD, Rui Rio, acusou hoje o primeiro-ministro de ter prometido aos professores o que não tinha margem financeira para dar, defendendo que os sociais-democratas nunca fizeram qualquer tipo de compromisso.
“Se não há dinheiro, então não se podia ter prometido aquilo que se prometeu. Quando o Governo diz que estamos quase no país das maravilhas, que acabou a austeridade e há dinheiro para tudo, está a incentivar todas as classes profissionais” a reivindicar as promessas feitas, afirmou Rui Rio, questionado pelos jornalistas no final de uma reunião de cerca de duas horas e meia com a Associação Sindical dos Juízes.
Sobre a posição do seu partido no conflito negocial entre professores e Governo, Rui Rio salientou que “o PSD está completamente fora disso”.
“O PSD nunca prometeu aos professores, aos funcionários públicos, aquilo que o PS ou o BE e o PCP prometiam”, frisou, salientando que nem ele nem o seu antecessor, Pedro Passos Coelho, o fizeram.
Por essa razão, o líder do PSD remeteu a solução do conflito com os professores exclusivamente para o Governo: “Não tem de ser resolvido por uma oposição que nunca prometeu mais do aquilo que podia ser dado”.
Para Rui Rio, esta situação demonstra que “o país não é aquilo que o Governo diz que é”, senão seria possível cumprir não só os compromissos com os professores, mas também, por exemplo, baixar o imposto sobre os combustíveis.
Questionado se há margem para as reivindicações dos professores de contagem do tempo integral de carreira, Rio remeteu uma vez mais para as promessas feitas.
“Há margem política porque o próprio Governo criou essa margem política. O que o primeiro-ministro diz é que não há margem financeira, mas então não podemos prometer politicamente”, criticou.
O primeiro-ministro afirmou hoje no debate quinzenal que o Governo “não tem dinheiro” para suportar o impacto de “600 milhões de euros por ano” que representaria a contagem do tempo de serviço dos professores desde 2011.
“Quando falei em 600 milhões de euros não é o custo dos nove anos, quatro meses e dois dias. São só o custo que teria o tempo de 2011 a 2017 e, por mais faseamento que exista
no final do dia, são sempre mais 600 ME por ano”, precisou.
“E é para isso que não há condições”, disse o primeiro-ministro, frisando que a proposta do Governo - contar dois anos e nove meses e 18 dias - foi “ao limite das capacidades financeiras” existentes e é aquela que, “cumprindo a lei” e “com boa fé negocial”, permite um “tratamento de igualdade relativamente aos outros servidores do Estado”.
Lisboa, 05 jun (Lusa)