Uma delegação da FNE composta pelo Secretário-Geral, João Dias da Silva, pelos Vice-Secretários-Gerais Lucinda Manuela Dâmaso e Pedro Barreiros, por dirigentes do Sindicato Democrático dos Professores da Grande Lisboa e Vale do Tejo (SDPGL) e por dirigentes e Presidente do Sindicato dos Técnicos, Administrativos e Auxiliares de Educação do Sul e Regiões Autónomas (STAAESRA), Cristina Ferreira, marcou presença na manhã de 12 de setembro na Escola Secundária Rainha D. Amélia, em Lisboa, para a primeira de quatro visitas a escolas, que visavam assinalar o início do novo ano letivo de 2019-2020.
A Diretora deste estabelecimento de ensino, Cristina Dias, foi quem recebeu a FNE para uma reunião de trabalho que serviu para análise das condições de funcionamento da escola, situações dos docentes e não docentes, ofertas proporcionadas aos alunos e do respetivo projeto educativo. De acordo com Cristina Dias, um dos principais problemas com que esta escola se debate "é a falta de funcionários de Apoio Educativo. Estamos sem funcionários para a biblioteca e para os balneários de Educação Física. Não haverá aulas de Educação Física nas primeiras semanas e a biblioteca só abrirá quando houver professores para substituir os funcionários em falta", acrescentando ainda que “relativamente ao rácio, este está mal determinado porque é feito numa lógica meramente burocrática. A escola deveria ter 21 assistentes operacionais, mas só tem 17 e vai começar com apenas 13. Mas existem outros problemas com que nos debatemos aqui como o envelhecimento do corpo docente, pois os professores nesta escola têm em média mais de 50 anos, sendo que o mais novo tem mais de 40 e turmas com elevado número de alunos". A diretora lamentou ainda o facto de a burocracia "roubar tanto tempo aos professores que fica quase nada para dedicar à vertente pedagógica".
De tarde, a delegação da FNE visitou a Escola Secundária do Lumiar, na capital, numa ação que contou com a presença do seu Diretor, João Martins, que expôs como principal problema a situação em que as instalações se encontram. Segundo ele, "o edifício necessita de requalificação urgente. Temos tido várias promessas de melhoras, mas até agora pouco foi feito". João Martins sublinhou ainda que relativamente ao Pessoal de Apoio Educativo "o rácio está a ser cumprido, mas não é adequado à realidade da escola. Era preciso mais gente para ajudar a um melhor funcionamento de todos os setores", acrescentando ainda que "temos um corpo docente envelhecido, cansado, com altas cargas letivas e com professores a pouco tempo da reforma".
Este primeiro dia de visitas a escolas foi a oportunidade para a FNE simbolicamente assinalar a importância de todos os trabalhadores da educação que asseguram o funcionamento dos Jardins de Infância e das escolas dos ensinos básico e secundário e o seu empenhamento na valorização profissional e pessoal de todos eles.
No último dia para se iniciar o novo ano letivo - 13 de setembro -, seguiram-se visitas às escolas de Castanheira de Pera, Figueiró dos Vinhos e receção nas duas autarquias, com a presença do Secretário-Geral da União Geral de Trabalhadores (UGT), Carlos Silva.
À delegação da FNE que visitou as escolas de Lisboa juntaram-se o Presidente do Sindicato dos Técnicos Superiores, Assistentes e Auxiliares de Educação da Zona Centro (STAAEZCentro), João Ramalho, dirigentes do Sindicato dos Professores da Zona Centro (SPZCentro), assim como dirigentes da UGT.
Pela manhã, a delegação da FNE/UGT foi recebida na Câmara Municipal de Castanheira de Pera pela Presidente da edilidade Alda Carvalho, que saudou a aposta da FNE na proximidade ao interior, realçando depois que a Educação em Castanheira de Pera enfrenta vários problemas como a falta de recurso humanos e de atividades extracurriculares. João Graça, Vice-Presidente e responsável pela Educação na Câmara de Castanheira de Pera, apontou como principais dificuldades a desmotivação quer de docentes, quer de não docentes que "são mal remunerados e desvalorizados no processo de ensino". Alda Carvalho sublinhou que o "o município tenta cobrir a falta de investimento do governo, tentando criar aos alunos algumas vivências que necessitam pela sua interioridade, mas não conseguimos fazer esse papel por inteiro. A juntar a tudo isto temos falta de infraestruturas e habitação para receber pessoas de fora. É preciso um trabalho de motivação das pessoas e para isso também contamos com os sindicatos", afirmou.
Depois, deu-se a visita ao Agrupamento de Escolas de Castanheira de Pera, onde se realizou também uma reunião com o diretor António Alves e sua equipa, onde foi apresentado o panorama desta escola que conta com cerca de 50 anos de existência. António Alves considerou que "apesar de a escola ter 50 anos, ainda corresponde às funcionalidades necessárias. Sofremos também aqui do problema do envelhecimento do corpo docente. Temos neste momento 101 alunos do 5º ao 9º ano, 33 docentes, sendo que destes últimos apenas um tem menos de 40 anos de idade". Já sobre o Pessoal de Apoio Educativo, o Diretor disse que "temos 15 assistentes. O rácio corresponderia se não existisse pessoal com baixa e outros com algumas limitações em algumas tarefas, o que faz com que aquele acabe por não se adequar às necessidades que temos". Manuel Teodósio (SPZC) e João Ramalho (STAAEZCentro) mostraram total disponibilidade de ambos os sindicatos para colaboração e maior proximidade na busca por soluções para as situações apontadas ao longo deste encontro.
À tarde foi a vez do Presidente da Câmara de Figueiró dos Vinhos, Jorge Abreu, receber para um encontro a delegação da FNE /UGT reforçando também o papel importante desta visita a localidades do interior, que vivem problemas que por vezes são esquecidos e que necessitam de ser divulgados junto de quem tem o poder.
O Agrupamento de Escolas de Figueiró dos Vinhos foi a última paragem destas quatro visitas a escolas do país e foi Sónia Rodrigues, a diretora, quem partilhou as dificuldades com que este estabelecimento de ensino se debate diariamente: "Infelizmente, este ano o número de alunos diminuiu relativamente ao ano passado. Estamos com 491 alunos, com horários sobrecarregados o que faz com que não consigamos dar a oferta formativa necessária", dizendo ainda que "não conseguimos, por exemplo, abrir aulas de inglês. Na maioria temos professores de fora e com idades já elevadas, assim como no Pessoal de Apoio Educativo. Como conseguimos estabilidade assim?", lamentou.
Este programa visou assinalar as condições particulares em que as escolas da região de Lisboa e as escolas do interior desenvolvem a sua missão, assumindo a necessidade de políticas que retenham as pessoas foram dos grandes centros urbanos e que garantam um serviço público de educação de qualidade e inclusivo em todo o território, que apoie a fixação dos trabalhadores docentes e não docentes e lhes proporcione condições de trabalho dignas e merecedoras do seu papel na sociedade.
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