Exmo. Senhor Primeiro-Ministro, Exmo. Senhor Ministro do Ambiente e Ação Climática, Exmo. Senhor Presidente da Assembleia da República, Senhores e Senhoras Deputados
PELA VALORIZAÇÃO DA PROFISSÃO E DA CONSERVAÇÃO DA NATUREZA
Em pleno século XXI, em contexto pandémico, somos forçados a enfrentar um problema que até aqui sempre decidimos ignorar! Compreendemos agora a importância dos Vigilantes da Natureza, que salvaguardam um bem essencial para garantir a nossa saúde física, mental e o nosso bem-estar, no presente e para as gerações futuras. Compreendemos que não podemos viver do betão e que o equilíbrio natural é fundamental na prevenção de pandemias.
Ao trabalhar diariamente no terreno, na salvaguarda do nosso património natural, os Vigilantes da Natureza cedo compreenderam a magnitude dos problemas futuros que enfrentaremos!
Não só as alterações climáticas, como as próprias pragas e doenças são afetadas pela ação direta do Homem, ou pela sua falta de ação nos territórios. Décadas de esquecimento e de distanciamento das populações rurais, levaram à conjuntura atual das nossas ditas florestas, que pouco acrescem à conservação da natureza e à manutenção de habitats prioritários. O facto de as pessoas atualmente olharem para os seus territórios de forma distante, desencadeou migrações em massa e abandono dos territórios do interior, outrora geridos de uma forma sustentável e ecológica.
Os Vigilantes da Natureza, desde a sua criação como Corpo Especializado na Preservação do Ambiente e Conservação da Natureza, em 1975, têm assistido ao declínio das suas áreas protegidas, lutando através da sensibilização às populações e visitantes para a importância da preservação destes espaços. Esta luta vem sendo travada ao longo destes últimos quase 50 anos, dando frutos a longo prazo, mas os meios humanos e materiais sempre foram escassos para esta hercúlea missão.
Atualmente a nossa área de intervenção abrange quase todo o território nacional: Rede Nacional de Áreas Classificadas, Rede Natura 2000, Perímetros Florestais, Bacias Hidrográficas e toda a área de abrangência das Comissões de Coordenação e Desenvolvimento Regional, para um universo de cerca de 350 Vigilantes da Natureza. Isto resulta numa área de 2 100ha por elemento do Corpo Nacional de Vigilantes da Natureza, o que é humanamente impossível!
Atualmente é cada vez mais difícil recorrer unicamente à sensibilização, dada a massificação do turismo de natureza por parte de pessoas com pouca ou nenhuma sensibilidade ambiental e o poder que detemos enquanto Autoridade Nacional para a Conservação da Natureza e Autoridade Florestal Nacional não nos dá os mesmos argumentos legais, nem materiais, à semelhança das outras polícias. Dessa forma resta-nos ver as notícias diárias do abate indiscriminado de lobos ibéricos, por parte de pessoas revoltadas com o seu país e com os seus governantes, acabando por descarregar a sua frustração em seres indefesos, que não possuem voz.
Os Vigilantes da Natureza são isso mesmo! A Voz da Natureza! No entanto somos tão ouvidos como os últimos lobos encontrados mortos! A nossa carreira está à beira da extinção e é preciso que sejamos ouvidos!
Cada vez mais, desenvolvemos trabalho de campo técnico e especializado. Cada vez mais, os crimes ambientais são maiores e mais agressivas ameaças ao futuro de todos! Se não existir quem fiscalize e conheça de perto os territórios, as pessoas e os animais que ali coabitam, como podemos salvaguardar esse futuro?
Ser Vigilante da Natureza é muito mais do que apenas fiscalizar e sensibilizar os cidadãos para a prática de crimes ambientais, que até aqui sempre se cometeram sem grande preocupação!
É conhecer as gentes e os territórios, lutando diariamente para preservar um bem que é de todos e que muitos desprezam. Monitorizamos espécies, rios e ar. Salvaguardamos a saúde de todos por detrás das câmaras e dos holofotes sem pedir nada em troca, apenas que deixem a natureza seguir livre e selvagem.
O equilíbrio entre Homem e Natureza é difícil de alcançar, mas os Vigilantes da Natureza estão lá! 365 dias por ano! Para melhorar a interação entre ambos!
Subscritores do Manifesto:
Plantar Uma Árvore – Associação
Palombar - Associação de Conservação da Natureza e do Património Rural
Associação ALDEIA
UGT - União Geral dos Trabalhadores
Ricardo Manuel Tojal dos Santos Ribeiro - Professor Universitário e comentador televisivo
Paulo do Carmo – Ex-Presidente da Quercus
Climáximo
FAPAS - Associação Portuguesa para a Conservação da Biodiversidade
APGVN - Associação Portuguesa de Guardas e Vigilantes da Natureza
RIAS - Centro de Recuperação e Investigação de Animais Selvagens
QUATROÀS - Associação dos Amigos dos Animais e do Ambiente
ANP- Associação Natureza Portugal (em associação com WWF)
proTEJO - Movimento pelo Tejo
Núcleo de Estudos e Proteção do Ambiente da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro
Setor da Conservação da Natureza e das Florestas do Sindicato Nacional da Proteção Civil