30 Junho 2023
Distritais
Em vias de terminarmos o primeiro quartel do século XXI, o movimento sindical enfrenta, em Portugal como no mundo, alguns problemas de representatividade.
De acordo com o bolem estatístico do Gabinete de Estratégia e Planeamento (GEP), do Ministério do Trabalho, publicado a 28 de fevereiro do presente ano, a taxa de sindicalização, em Portugal, caiu para 7,4% em 2021, quando foi analisada pela última vez. Em 1978, de acordo com dados da OCDE, a taxa de sindicalização portuguesa era de 60,8%.
Será́ interessante verificar que, mesmo sendo a média de sindicalização nos países da OCDE apenas ligeiramente superior à nossa, os países nórdicos registam taxas de sindicalização muito mais significavas. Por exemplo, na Islândia nove em cada dez trabalhadores são sindicalizados, e na Suécia e na Dinamarca as taxas de sindicalização rondam os 65%.
Em Portugal, e no caso específico do sindicalismo docente, pode antecipar-se uma crise maior para os próximos anos, nomeadamente pelo elevado número de reformas esperadas, mas também pela evidente escassez de novos candidatos à docência.
A UNESCO revelou que, em 2021, mais de 60 milhões de crianças e jovens tiveram falta de educação elementar devido à escassez de professores. Vários países europeus precisam de professores, sobretudo nas áreas da matemática, ciência e tecnologia. Na Alemanha, por exemplo, estima-se que em 2025 faltarão 35 mil professores nestas áreas e em França continuam a faltar cerca de 4 mil professores, mesmo após um aumento de cerca de 20% nos salários.
De acordo com o estudo “Teachers in Europe – Careers, development and well-being”, publica- do pela União Europeia, 35 de 41 sistemas educativos na Europa sofriam de falta de professores no ano letivo de 2019/2020. Para além disso, em 2018, de acordo com o Eurostat, 40% dos professores dos ensinos básico e secundário nos países da União Europeia tinham mais de 50 anos de idade.
É fundamental que os Sindicatos da Educação enfrentem estes problemas com dinamismo e entusiasmo.
Precisamos de aumentar a base de professores sindicalizados para ganhar poder negocial e intensificar a pressão no sendo de se proporcionar condições mais atrativas para quem pode ponderar a profissão docente como projeto de vida. A promoção do aumento da base de professores sindicalizados pode passar por campanhas de informação acerca da necessidade de haver um movimento sindical representativo e influente, nomeadamente por comparação com a qualidade de vida dos países nórdicos, onde o movimento sindical é mais forte. Os Sindicatos devem também renovar a sua imagem, apostando numa postura dinâmica nas redes sociais e promovendo a participação dos mais jovens nas estruturas sindicais.
Se queremos combater esta crise de representavidade e aumentar a relevância das nossas organizações, é imperativo que os professores se reconheçam na nossa imagem e na nossa luta.
Pedro Brandão | SPZN
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