12 Fevereiro 2021
Distritais
O segundo confinamento que agora vivemos, transportou consigo o encerramento das escolas e o consequente recurso ao “ensino remoto de emergência”. Trata-se de uma situação que todos pretendiam evitar, o governo por razões de conveniência política que expõem as suas “debilidades decisórias”, os professores por serem alvo direto da pouca capacidade governativa, alunos e famílias pelas desigualdades sociais explicitadas a vários níveis.
Inegável é o facto de esta geração de alunos, perante a tragédia pandémica, se ver a braços com a dificuldade em traçar objetivos num cenário errático de métodos de trabalho.
A escola virtual mais não é que um adiamento do ensino presencial, pressionado qual “Rossio na Rua da Betesga” a transformar em virtual o acompanhamento científico e a maturação social.
A conduta errática deste Ministério da Educação, com o permanente confinamento do Ministro, não augura nada de bom para os espíritos ainda em formação(alunos) e muito menos para todos aqueles cujo desígnio é conduzi-los (professores).
Decorrido quase um ano, o cenário repete-se com recurso à mesma receita sem que tenha havido uma reflexão/evolução quanto à forma de estudar num cenário de guerra como é este de pandemia. Não deixa de ser edílica uma telescola improvisada, procurar a abstração inerente à matemática ou seguir os percursos da história numa competição desenfreada com todas as ausências de recursos e de planeamento.
Além de demagógico, é perverso este placebo que se pretende impingir, exigindo aos professores que empurrem todas as falhas com “espírito de desenrasque”.
Assim, nas orientações enviadas “Estipula-se que, não obstante o cumprimento da grelha de horas letivas semanais, deverá haver um equilíbrio entre atividades síncronas e assíncronas que proporcione tempos de atenção dispensada em ecrã e tempos de trabalho assíncrono, em função dos diferentes níveis de ensino e das condições específicas de cada turma (…)”. Logo, desde as escolas que replicarão rigorosamente os horários presenciais neste novo sistema, às outras que farão o que melhor lhes ocorrer, teremos alunos e professores a viver momentos de grande tensão.
O “espírito de missão” que se pede aos professores é até algo de aparente razoabilidade, dado o contexto. Contudo, impor que patrocinem, a expensas suas, um “ensino à distância” utilizando os seus meios pessoais, quaisquer que eles sejam, desde computadores a serviços de internet, já não será tão consensual. Tanto mais que os professores não dispõem de condições de vida que viabilizem tal altruísmo. Há anos que lhes é dito que o país não dispõe de recursos financeiros para lhes pagar com dignidade, por isso se limitaram os salários e a carreira, se congelou tempo que não foi totalmente recuperado, se fez da precariedade a condição de vida de muitos, se limitou o acesso à aposentação, se ignorou o rejuvenescimento da classe…se diabolizou a classe perante a opinião pública. Enfim, tudo se fez em sentido contrário ao que agora se pede aos professores tornando a profissão pouco atrativa.
Esperar que os professores disponham em casa de condições físicas e familiares perfeitas para assim contribuir para o sucesso deste engodo que é o “ensino remoto de emergência” parece ser algo de transcendente, mas os milagres ainda acontecem e essa é a sorte deste e doutros governos que tiveram nas mãos a condução do país.
No SPZN temos memória, não abandonamos os legítimos anseios dos professores, nem as suas iniquidades. Queremos ver os professores respeitados e devidamente reconhecidos pois só assim teremos a escola que o país merece e não o caminho da resignação servil que estamos a percorrer.
Vila Nova de Famalicão, 12 de fevereiro de 2021
Artur Lima da Silva
Dirigente do SPZN Famalicão
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